da assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores de Campinas
A Comissão Permanente de Educação e Esporte da Câmara de Campinas discutiu na terça-feira (11/08) o cronograma de retomada das aulas presenciais na cidade em Campinas. Segundo o anunciado pelo governo estadual, se a cidade permanecer na fase amarela do Plano São Paulo, Campinas poderá reabrir suas escolas para atividades de reforço, laboratório e esportivas no início de setembro. Já as aulas presenciais, devem voltar apenas em outubro.
Pelo plano apresentado na última sexta-feira, cada escola deverá consultar a comunidade escolar para decidir pela abertura, porém, a autonomia é da gestão municipal. Pensando nisso, a Comissão reuniu entidades para debater o anúncio.
A presidenta do Conselho das Escolas de Campinas, Erika Mayumi apresentou uma pesquisa elaborada pela entidade com mais de quatro mil respostas na qual mostra que pais, mães e educadores, na sua maioria, são contra o retorno às aulas em setembro. Segundo a presidenta, além da pesquisa, o Conselho também quis ouvir cada escola. “Solicitamos à Secretaria Municipal da Educação um posicionamento dos conselhos locais das escolas, mas elas não aconteceram”.
Já o Ministério Público, que abriu inquérito e processo de acompanhamento, lembrou que está aguardando os protocolos exigidos pela Secretaria de Educação. “Em algum momento, haverá esse retorno e precisamos analisar como será esse retorno. É até preocupante não ter condições agora e ponto final? Não sabemos quando terá vacina e como será. Precisamos nos preparar para a volta em algum momento”, disse o promotor da vara da Infância e Juventude, Rodrigo Augusto de Oliveira.
Já para a professora Suely Fátima de Oliveira, diretora da Apeoesp (Sindicato Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), disse que “de forma alguma é seguro que as aulas voltem, nesse momento. Não estamos numa queda dos números, embora estejamos em estabilidade, não há queda na curva e os hospitais de campanha foram fechados”.
A preocupação com a insegurança foi reforçada pelo estudante Nattan Rocha, da UCES (União Campineira dos Estudantes Secundaristas) que salientou que “quem dará a garantia que os estudantes não irão se tocar? A gente conhece muito bem as crianças que estão com saudade dos professores e dos amigos e vão querer o afeto”.
Já o diretor da Faculdade de Educação da Unicamp, Renê Trentin, destacou a ideia de retorno. “Não poderá haver retorno de 100% de alunos e professores. É impossível. Na Unicamp, não haveria espaço físico para termos todos alunos presentes na mesma aula. É um aspecto complicador calcular o distanciamento dos estudantes na sala de aula, mas tem o contexto do pré e pós chegada à sala que universidade e escolas não tem como controlar.”
A reunião contou também com a presença de Rose Campos, representando escolas infantis da rede privada. Segundo ela, essas escolas estão aptas a receber os estudantes de 0 a 5 anos. “Os pais que voltaram a trabalhar, deixam as crianças sendo cuidadas por vizinhos ou cuidadoras ou, pior, em escolas não legalizadas como as nossas. A secretaria anunciou que o nosso protocolo foi aprovado pela vigilância sanitária para voltar.”
Convidadas, as Diretorias Regionais de Ensino, responsáveis pelo ensino da rede estadual, e a Secretaria Municipal de Educação de Campinas não estiveram presentes. O presidente da Comissão vereador Gustavo Petta (PCdoB) lamentou e disse que protocolará um requerimento de convocação. “Sempre tivemos debate democrático e respeitoso, mesmo com opiniões diversas. Então vamos usar agora do requerimento de convocação para que a secretária de Educação possa vir explicar como será esse projeto de volta. O que precisamos é transparência e conversa franca.” A Comissão também deve ainda promover outros debates sobre o tema.