da assessoria de imprensa
A previsão de estudiosos em crescimento populacional é que, em 2050, a Terra tenha entre 9 e 10 bilhões de habitantes. Com isso, a grande preocupação é como alimentar todas essas pessoas com menos impacto nos recursos naturais. Na Unicamp, um grupo de pesquisadores busca desenvolver a chamada Agricultura 4.0, que usa a tecnologia para aumentar cada vez mais a produção no campo de forma mais racional.
O professor Luiz Henrique Rodrigues coordena o Sisda (Sistema Inteligente de Suporte à Decisão na Agricultura), um grupo da Feagri (Faculdade de Engenharia Agrícola) que desde 2002 busca inovações para a produção no campo.
Em setembro, a Unicamp organizou um fórum especialmente voltado para a internet das coisas no campo e o aumento da produtividade. “Ainda estamos engatinhando nessa área, tudo é muito novo. Por isso fizemos o evento para trocar experiências entre diversos pesquisadores e instituições de pesquisa”, explica Rodrigues.
Ele diz que a identificação do 4.0 para a agricultura se deve aos diversos estágios que marcaram saltos na produção agrícola. Primeiro foi o uso de máquinas no campo, depois o desenvolvimento de fertilizantes, defensivos e o uso de sensores e outras técnicas de análise de solo e de umidade.
“O que estamos fazendo agora é desenvolver tecnologias para análise do desenvolvimento das plantas em tempo real, com uso de sensores, câmeras e outras tecnologias”, conta.
Atualmente, são feitas análises de solo, temperatura, umidade e outras condições que propiciem melhoria agrícola. Depois que é feita a colheita, com base na quantidade e qualidade da produção, são feitas análises sobre erros e acertos para que na safra seguinte os resultados sejam melhorados.
“O que queremos agora é fazer o foco diretamente nas plantas, com câmeras e sensores, que possam passar em tempo real como está o desenvolvimento delas e corrigindo com as informações a aplicação de insumos, água e o que for necessário para seu crescimento”, afirma o pesquisador.
Outro objetivo é conseguir desenvolver equipamento baratos, que se tornem acessíveis também para os pequenos e médios produtores. Alguns dos sensores usados, por exemplo, custam em torno de R$ 50.
Um dos desafios é conseguir gerenciar todas as informações que podem ser coletadas com esses equipamentos e dar respostas rápidas do que deve ser feito para melhorar o desempenho.
“É mais ou menos como faz o Google ou a Netflix, que analisa os seus interesses por meio das suas pesquisas ou dos filmes que você acessa e dão imediatamente sugestões de produtos relacionados ao que você precisa ou se interessa”, compara Rodrigues.
Laboratório
Por enquanto, as pesquisas feitas na Unicamp são só em laboratório, em pequena escala. Um projeto foi enviado para análise da Fapesp e, caso ele seja aprovado, será possível monitorar uma estufa de 100 metros quadrados para testes em um escala um pouco maior.
“Temos passar por diferentes níveis até chegar ao campo, onde os sensores, baterias e transmissores de dados estarão sujeitos às condições naturais para ver como eles podem funcionar melhor e ter mais resistência”, destaca.
Além de sensores, câmeras e transmissores de dados para coletar dados, são estudadas as diferentes possibilidades do uso de drones para auxiliar os agricultores. Também há pesquisas sobre sistemas automatizados para fornecer o que a plantação necessita imediatamente após a coleta e análise dos dados.