da assessoria de imprensa
O departamento de Artes Corporais do Instituto de Artes (IA) da Unicamp recebe, pelos próximos meses, a contribuição de um artista especialista em site-specific, um tipo de intervenção em espaços urbanos que leva em consideração as pessoas, a história do local, suas características arquitetônicas, entre outras. É o brasileiro Gustavo Ciríaco, que mora em Lisboa, Portugal, mas ficará na Unicamp até junho como artista residente.
O termo de adesão ao programa foi assinado pelo artista e pelo reitor José Tadeu Jorge na quinta-feira (9). Ciríaco denomina “Meu nome é Jorge”, o projeto de residência artística que levará ao desenvolvimento do ateliê de criação “Cortado por todos os lados, aberto por todos os cantos” desenvolvido com os alunos de artes da universidade.
O artista vai interagir com as disciplinas da graduação do curso de Dança, e em laboratórios da pós-graduação em Dança, atividades abertas aos demais alunos do Instituto de Artes, além de oferecer oficinas para a comunidade. É a terceira vez que a área da Dança da Unicamp recebe um artista residente.
O nome de Ciríaco foi proposto pela docente Daniela Gatti, coordenadora da graduação em Dança. Segundo ela, o edital já previa a contratação de um artista de site-specific. “A dança extrapola a relação com o palco italiano, ela está também em outros espaços, abrange várias frentes estéticas. Nesse caso o espaço é também protagonista do processo criativo”.
Daniela Conta que o artista já trabalhou em Campinas em 2015, quando fez uma intervenção na Torre do Castelo. Ainda de acordo com Daniela, além de realizar o trabalho no espaço da Unicamp há uma parceria com o Sesc Bom Retiro para apresentação do espetáculo final do programa.
O projeto
Gustavo Ciríaco afirma que deseja criar a uma peça deambulatória, ou seja, que passeia, convidando o público a uma jornada “pelos territórios que configuram o teatro como espaço cênico, sociológico e arquitetônico e o fazem tangenciar com o mundo que corre em suas imediações”.
No projeto o teatro é tomado como um espaço de relações, como uma “escultura expandida” ou um lugar múltiplo que acolhe pessoas em diferentes plataformas de interação. “Inspirado nas obras relacionais dos escultores minimalistas, americanos, onde havia a inclusão de elementos de apelo interativo, o projeto pretende descolar os elementos de criação de teatralidade para outros espaços e dispô-los como provocadores de performatividade”, destaca.
Com a intenção de diversificar os pontos de vista dos espectadores, serão reposicionados elementos. “As cortinas, por exemplo, atuam na fronteira entre o espaço da cena e o mundo real da plateia. Ao serem transferidas para o espaço diante do teatro ou mesmo para as suas portas de entrada, as cortinas fariam deslizar uma expectativa de acontecimento comum no palco para uma área intermediária de circulação e separação de espaços públicos”.
O processo de criação vai envolver dois encontros semanais além de um encontro fora do espaço do campus universitário em um espaço teatral, em parceria com instituições externas. O projeto integra o primeiro momento da criação do espetáculo de mesmo nome para estreia definitiva em Lisboa ano que vem.
Gustavo Ciríaco nasceu no Rio de Janeiro. É coreógrafo e artista contextual, cujo trabalho transita entre as artes performativas e as artes da imagem, a performance, a arquitetura, a antropologia e o paisagismo. Cientista político e bailarino, Ciríaco formou com Frederico Paredes durante dez anos a Dupla de Dança Ikswalsinats, que marcou um momento importante da dança contemporânea nacional.
O perfil site-specific, está nas obras que procuram o diálogo entre o contexto e a arquitetura, a geografia e a habitação, realidade e ficção. O trabalho dele envolve dança, teatro, vídeo, construções de paisagens, narração de histórias e ações urbanas em “peças-conversas’. O artista tem uma trajetória internacional, com passagens desde as Américas até a Ásia, passando pela Europa e o Oriente Médio.