da assessoria de imprensa
A Câmara dos Vereadores de Campinas (SP) realiza nesta quarta-feira (1º) a primeira sessão ordinária da nova legislatura. Com dez novos parlamentares entre os 33, o Legislativo prevê abordagem de temas polêmicos neste ano e dificuldades para o governo Jonas Donizette (PSB).
Entre os dez projetos previstos para a sessão, três são para concessões de honrarias e haverá debate sobre um plano que prevê a cobrança pelo uso da água usada pelos consumidores a partir de cálculo por medidores nos imóveis, independente das categorias de uso e consumo.
Além disso, o texto prevê que a tarifa referente aos serviços de coleta, afastamento e tratamento de esgoto não exceda 100% do valor cobrado pelo consumo de água. A Sanasa, empresa responsável pelos serviços, informou que irá se manifestar após posicionamento da Câmara.
Novas políticas
Única mulher eleita para a legislatura, Mariana Conti (PSOL) afirma que a discussão sobre a violência contra a mulher está entre as prioridades do mandato. Ela é a integrante novata da oposição que recebeu mais votos, 6,9 mil. "Campinas começou ano com um feminicídio, acredito que é importante a gente reforçar e cobrar do poder público que entenda essa violência motivada pelo gênero. O primeiro passo para combatê-lo é o reconhecimento, e isso demanda políticas", explica ao lembrar da chacina que deixou 12 mortos durante uma festa de réveillon.
Entre a noite de 31 de dezembro e a madrugada de 1º de janeiro, Sidnei Ramis de Araújo pulou o muro de uma casa na Vila Proost de Souza, assassinou a ex-mulher, Isamara Filier, de 41 anos, o filho de 8, outras dez pessoas e se matou na sequência. A apuração do caso foi finalizada pela polícia.
Embora o grupo de oposição ao governo Jonas seja minoria, ela acredita que haverá aumento da resistência por causa das políticas adotadas pela Prefeitura em meio à recessão econômica nacional. Para Mariana, as pautas ao longo do ano devem ser dominadas por assuntos ligados às dificuldades vivenciadas pela população, e menciona o Plano Diretor - que inclui diretrizes urbanísticas de Campinas para a próxima década - como item fundamental.
"Há muitas crianças deixando escolas particulares, famílias que perderam planos de saúde [...] Os problemas tendem a tornar-se mais agudos e isso reflete na Câmara. Acredito na força da população organizada para pressão e fiscalização", explica a vereadora, mestre em sociologia.
Fiscalização rigorosa
O G1 também conversou com Fernando Mendes (PRB), vereador novato mais votado entre os que fazem parte da base do governo - foi escolhido por 6,7 mil eleitores. Ao avaliar que a gestão atual merece um voto de confiança pelos trabalhos realizados no primeiro mandato e a reeleição conquistada em 1º turno, ele garante que colocará o trabalho de fiscalização à frente e vê uma tendência de que outros partidos sigam esta linha, em virtude da atual situação política do país.
"Todos que hoje estão na situação têm que fiscalizar para tentar solucionar os problemas que as comunidades estão sofrendo, a Câmara precisa ter uma independência [...] Entre os novos vereadores, há um interesse grande na troca de ideias, ninguém está olhando muito para bandeira. Agora com as sessões, haverá integração maior com quem já estava na Casa."
Mendes também citou o Plano Diretor como uma das questões mais urgentes para o primeiro ano, além de melhorias para saúde. Por outro lado, frisou que a administração municipal tem ficado "refém de algumas situações", quando trata da economia.
Na terça-feira, Donizette e representantes de outras 14 cidades fizeram uma solicitação à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, para que a Corte priorize o julgamento de ações que possam dar um alívio às contas municipais.
"Vejo uma boa vontade, há uma avaliação positiva até o momento", frisou o vereador que é formado em administração de empresas. Ele também é bispo da Igreja Universal.
'Parlamentar moderno'
O PSD, partido que teve Artur Orsi como segundo colocado nas eleições municipais, planeja postura independente. Eleito pela primeira vez e líder da sigla na Casa, Marcelo Silva aposta na postura de um "parlamentar moderno", mas acredita que haverá alta na resistência ao governo.
"A gente vai votar de acordo com nosso entendimento do que for melhor para a cidade. Não pode ser oito ou 80, mas moderado. O governo está tendo que enxugar os gastos, não vai conseguir atender às demandas de todos os vereadores [...] Mas não haverá oposição truculenta. É preciso apontar erros, abrir os olhos do prefeito, porque é impossível ele saber tudo", avaliou. Outros dois parlamentares da legenda que chegam à Câmara são Tenente Santini e Aílton da Farmácia.
Questionado sobre a prioridade do mandato, Silva coloca mobilidade e educação como focos. "A base da sociedade é educação. Se a criança não tem, como vai viver?", questionou ao lembrar o déficit de vagas em creches. Os outros parlamentares novatos são Rodrigo da Farmadic (PP), Nelson Hossri (PTN), Rubens Gas (PSC), Filipe Marchesi (PR) e Perminio Monteiro (PV).
Grupos definidos
Nesta semana, a Casa definiu a composição das 19 comissões permanentes e da Comissão Especial de Honraria para o biênio 2017-2018. Veja abaixo os respectivos presidentes e titulares.